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Foto do escritorSilvio Kniess Mates

Jardim da Mente – De Quem é a Responsabilidade?






Bruno entrou na sala com os dois objetos nas mãos novamente: a miniatura de jardim e o pequeno rinoceronte de brinquedo. Ele colocou ambos na mesa, olhou para a turma com um sorriso enigmático e escreveu no quadro:  


De quem é a responsabilidade?


— Galera, quero começar com uma provocação. Quando algo dá errado em um relacionamento — uma discussão, uma mágoa, um mal-entendido —, de quem é a responsabilidade?  


A turma ficou em silêncio por alguns segundos, até Clara, sempre afiada, quebrar o gelo:  

— Depende, né, Bruno? Às vezes, a responsabilidade é de quem começou. Outras vezes, é de quem reagiu mal.  


— Boa, Clara. Mas e se eu disser que, quando falamos do Xinyuan, a responsabilidade nunca é de um só lado? — Bruno gesticulou enquanto andava pela sala. — Na verdade, ela é compartilhada.  


Ele levantou o rinoceronte.  

— De um lado, temos quem invadiu o Jardim da Mente de alguém, seja por palavras duras, críticas invasivas ou falta de empatia. De outro, temos quem foi invadido, que precisa aprender a proteger seu espaço com sabedoria.  


Mateus levantou a mão.  

— Então, Bruno, ninguém está completamente certo ou errado?  


— Exatamente, Mateus. — Bruno respondeu, colocando o rinoceronte no jardim. — Quando falamos de relações humanas, é sempre uma dança entre duas partes. Agora, vamos explorar o papel de cada lado nessa dinâmica.  


O papel de quem viola o Xinyuan

Bruno apontou para o rinoceronte.  

— Primeiro, quem é o invasor? Alguém que, muitas vezes sem intenção, pisa no Jardim Mental do outro. Pode ser com uma crítica desnecessária, um comentário irônico ou uma atitude insensível. A responsabilidade dessa pessoa é reconhecer o impacto de suas ações e aprender com o erro.  


Renato, com seu humor de sempre, interveio:  

— Então o rinoceronte precisa de terapia, Bruno?  


A turma riu, e Bruno aproveitou a deixa.  

— Talvez, Renato! Mas, acima de tudo, o rinoceronte precisa de consciência. Ele deve se perguntar: “Como minhas palavras ou ações impactaram o outro? Como posso evitar que isso aconteça de novo?” É assim que o invasor se transforma em alguém mais empático e cuidadoso.  


Ele escreveu no quadro:  


Quem viola deve:

1. Reconhecer o impacto de suas ações.  

2. Pedir desculpas sinceras.  

3. Assumir o compromisso de mudar o comportamento.  


O papel de quem foi violado

Bruno caminhou até o outro lado da sala, segurando a miniatura do jardim.  

— Agora, vamos falar sobre quem foi invadido. Essa pessoa tem um papel igualmente importante: proteger seu Xinyuan com sabedoria, sem reagir de forma agressiva ou vingativa.  


Marta, com sua seriedade habitual, perguntou:  

— Mas, Bruno, como fazemos isso sem machucar o rinoceronte?  


— Ótima pergunta, Marta. — Bruno respondeu com um sorriso. — É aqui que entra o protagonismo. Defenda seus limites com clareza e respeito, explicando como se sentiu e por que aquilo foi invasivo. Mas lembrem-se: é importante tratar o invasor como humano, não como inimigo. Afinal, todos nós, em algum momento, já fomos rinocerontes no jardim de alguém.  


Ele escreveu no quadro:  


Quem foi violado deve:

1. Comunicar seus limites com clareza.  

2. Evitar reações agressivas ou vingativas.  

3. Reconhecer que, em algum momento, também pode cometer erros.  


A Dinâmica Mútua

Bruno voltou ao centro da sala e apontou para os dois objetos.  

— Vejam, galera: quando ambos os lados assumem suas responsabilidades, criamos um ciclo de crescimento. Quem invadiu aprende a respeitar mais. Quem foi invadido aprende a se proteger melhor. E assim, construímos relações mais saudáveis e equilibradas.  


Fernanda levantou a mão, com um tom reflexivo.  

— Bruno, mas o que acontece quando só um lado está disposto a mudar?  


Bruno fez uma pausa, ponderando.  

— Excelente ponto, Fernanda. Nesses casos, é ainda mais importante que o lado disposto a mudar mantenha sua integridade. Se você é quem foi violado, reforce sua cerca e se proteja. Se você é quem invadiu, continue buscando melhorar, mesmo que o outro ainda não esteja pronto para perdoar ou mudar.  

 

Bruno escreveu no quadro, em letras grandes:  


A responsabilidade é de ambos: quem viola e quem protege.


— Lembrem-se, galera: nossa responsabilidade é dupla. Como invasores em potencial, precisamos ser mais conscientes e respeitosos. Como guardiões do nosso Xinyuan, precisamos nos proteger sem ferir. Quando entendemos essa dinâmica, transformamos conflitos em oportunidades de aprendizado e crescimento.  


Renato, com seu tom brincalhão, encerrou:  

— Então, Bruno, quer dizer que ser um bom rinoceronte é saber quando não ser um rinoceronte?  


A turma riu, e Bruno respondeu com um sorriso:  

— Exatamente, Renato. E, se possível, aprender a ser um coelho.  


A aula terminou com risadas e reflexões, enquanto os alunos pensavam em como aplicar essa responsabilidade mútua em suas vidas.

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